Minha mãe me criou pra ser delicada, no entanto nunca pude satisfazê-la.
Quando eu era mais nova, bem mais nova, minhas brincadeiras preferidas eram a que os meninos brincavame a lista era imensa, desde futebol e bolinhas de gude à carrinhos de rolimã.
Na adolescência, minha preferência pela companhia masculina trouxe inúmeras vantagens, além de ser mais mimada e protegida, aprendi a ficar mais esperta e principalmente, aprendi a me defender contra eles, aos poucos fiquei craque em reconhecer o canalha, o cafajeste e os para casar(sic).
Conviver com meninos me fez crescer sem modos. Não podia usar saia porque sentava de pernas abertas e em qualquer lugar, minhas unhas quando não estavam imundas, estavam no 'sabugo' de tanto roer. Não usava roupas rosinhas e nem prendia meu cabelo porque achava isso muito menininha - creio que minha mãe nem dormia de tanta preocupação com medo de eu jogar no outro time ( embora não seja preconceituosa, mãe nenhuma gosta de ter um filho homossexual), sem contar que na escola eu era a mais capetinha e em toda briga eu estava enfiada, seja brigando, seja incitando os colegas. Perdi as contas das advertências e suspenções que tomei ao longo de minha vida estudantil. Aprendi também tudo o que não presta: piadas podres, linguajar característico dos meninos, bem como suas gírias e expressões, ahh e os palavrões... esses eu penava, mas adorava (adoro) dizê-los.
Falar palavrão é uma espécie de relaxamento. É gostoso xingar com toda a força do mundo. Xingar por tudo, por nada, pra todo mundo, pra ninguém, pra você mesmo. Eu me xingo demais.
Cresci rodeada dos homens, mas fui me apaixonar por um somente aos 16 e foi paixão arrebatadora, daquelas de perder o rumo e o prumo, com 2 meses de namoro nós não éramos mais virgens e planejávamos nosso futuro rodeado por gurizinhos, graças a Deus não tivemos tanto futuro e muito menos gurizinhos. Uma vez, fomos a praia e roubaram o chinelo dele. Ele viu quem o roubou e não fez nada, indignada e tomada por algum espírito machão fui atrás do sujeito e dei-lhe um murro nas fuças. O rapazola me devolveu o chinelo, mas prometeu vingança. O meu namoradinho enfiou o rabo entre as pernas e nunca mais voltou naquela praia. Eu, como galinho de briga, ia todos os dias... acabou que nos tornamos amigos e rimos disso até hoje, (e ele jura que não roubou o chinelo, simplesmente pegou porque achou que não tinha dono...rs).
Conviver com os homens sempre foi mais fácil, entre nós mulheres há muita competição, os homens não, eles são fieis às amizades, são mais agradáveis. Rodinha de conversa de homem é bem mais animada do que a das mulheres. Os homens em geral são muito mais bem humorados e não reclamam tanto da vida. Com tanta convivência masculina assim eu só poderia mesmo parar na polícia.
Ser policial nunca foi um sonho, meu sonho era ser médica, ser pediatra, mas eu sempre tive uma quedinha pelos fardados, sempre os achei homens de verdade ( pelo menos os honestos), a solução era ser médica e policial, sendo assim sou médica perito. Nunca me senti tão realizada.
Mas minha saga com os homens não terminaria no ambiente de trabalho, casei e tive um filho, um homenzinho, Caio. Meu pequeno grande homem, meu universo.