Estou frágil como pétalas soltas de uma árvore. O vento as carrega e as faz conhecer o chão. Há uma flor fenecendo e Deus parece alheio a tanta dor.
A morte é como uma janela aberta para o mar. A força da natureza contrasta com tamanha fragilidade exposta.
O anil do céu unido ao do mar chega a ferir e vazar meu olhar. Porque a dor recolheu meu olhar e plantou - o nas águas azuis do mar. Este olhar submerso e naufrago busca a visão do céu, porque no céu vive seu alento.
Só quem se sente assim pode compreender. Apesar da dor e da destruição tão transparente o dia é irremediavelmente lindo, tal qual um brinde à vida. Como se fosse um bálsamo para as feridas.
Percebo em cada coisa admirada uma calma paciente de quem quer aprender bastante com a mudança das estações. O ainda e terno aprendiz do tempo que traz no coração relíquas de suas mutações.
Aquele que atravessou as estações de peito aberto, jamais se esquivando de suas interpéries, conduzido por suas verdades e emoções.
Jamais se surpreendendo ao descobrir que o olhar o ama o pássaro é o mesmo de quando a estrada iniciou. Mudaram a estrada e o caminho, mas o amor que há dentro de cada um é imutável. Ele vai existir eternamente. E o melhor de tudo é saber que juntos poderão chegar ao sol e irem até além porque o infinito lhes pertence porque unidos serão cada dia mais fortes.
As imagens dos nossos dias pouco a pouco vai resgatando meu olhar das profundezas do mar reerguendo-o na amplidão, aconchegando-o no conforto macio dentro de si. Neste lugar cálido onde alguém o faz acreditar que há um mundo melhor, que há espaço para emoção verdadeira e sobretudo para a esperança no amanhã.